quarta-feira, março 28, 2007

PASSEIO PEDESTRE: O FOLAR DO SÃO MARTINHO

TELHEIRO / MONSARAZ - 7 DE ABRIL 2007 - 9 HORAS
DISTÂNCIA: 10 KM APROX. - DURAÇÃO: 4 HORAS
INSCRIÇÃO: 15 EUROS - T-SHIRT + LANCHE
A ADIM - Associação de Defesa dos Interesses de Monsaraz organiza no próximo dia 7 de Abril 2007 um passeio pedestre:

O Folar do São Martinho.

A história que o imaginário colectivo regista do Eremita São Martinho: Nos anos 50, em pleno regime Salazarista, foram os proprietários de terrenos e courelas obrigados a pagar, à Casa do Povo, uma contribuição sobre as suas propriedades. São Martinho, nome como ficou conhecido entre o povo, era proprietário de várias courelas e, aparentemente por resistência política, terá negado a prestar essa contribuição. A atitude deu origem à confiscação estatal de alguns dos terrenos que possuía. Sobraram os terrenos, pobres, das Lapas e Marmitas, conhecidos como Lapas da furada e Rocha do Demo. Deste modo, passou São Martinho de proprietário agrícola a vagabundo louco. Deambulava, moribundo, entre o Sitio das Lapas (a Sul de Monsaraz) e a Rocha do Demo (a Nordeste). Adoptou um estilo de vida primitivo e assim sobrevivia, alimentando-se do que a natureza lhe oferecia - figos, amêndoas, laranjas, marmelos, romãs e azeitonas – e do que recolhia das inúmeras hortas que na época plantavam as encostas soalheiras de Monsaraz. O Eremita da Lapa do Furado, assim ficou para a lenda, viveu nestas condições durante muitos anos, na prisão da sua loucura, mas na liberdade dos impostos. São Martinho tinha um irmão de nome Estevão, que também praticava o mesmo estilo de vida. São Martinho foi encontrado, morto, na Lapa que utilizou como abrigo, por volta de 1970.

A
ADIM convida-o(a) a participar neste passeio pedestre, no qual daremos a conhecer parte das Histórias do Imaginário da Freguesia de Monsaraz.

quarta-feira, março 21, 2007

O BARCO DE TESEU - UNS ANOS DEPOIS

Jorge Sanches da Cruz (Arquitecto) - In “Jornal Palavra” - Caderno temático 22 de 13 de Fevereiro de 2007; ano XL – n.º 477; Reguengos de Monsaraz

Uma lenda conta que o barco de Teseu foi conservado pelos atenienses durante um longo período. Para isso, foi preciso ir substituindo as peças que se iam degradando com o tempo. A partir da altura em que a maioria das peças já haviam sido substituídas por novas peças, pôs-se a questão de saber se o barco ainda era o mesmo ou se já se tinha criado um novo objecto. Por outras palavras, qual era a sua autenticidade material ou histórica.
A histórica Vila de Monsaraz, desde que foi “descoberta” nos anos 50, tem sofrido variadas operações de reconstrução e recuperação que a têm renovado, mantendo apesar de tudo o essencial da qualidade arquitectónica da sua estrutura urbana. Mas, Monsaraz não se limita a ser o magnifico aglomerado contido pelas muralhas do castelo, cuja urbanidade agrada de imediato ao mais desatento dos visitantes. Para alem do monumento construído, Monsaraz pertence a uma estrutura paisagística complexa que possui uma concentração invulgar de monumentos megalíticos, e uma cultura riquíssima que se consubstancia em usos e costumes, lendas e tradições, saberes e praticas, que têm moldado a gastronomia, a maneira de vestir, de falar, de cantar, a forma de ser e de estar das suas gentes. A construção da paisagem não se faz de um dia para o outro. Resulta da sedimentação de todos estes contributos e da intervenção sistemática do homem, que adapta e transforma o território em benefício da comunidade.

Estas potencialidades, que já perderam a maioria das suas funcionalidades originais, são hoje o que temos de mais valia para oferecer como capital de originalidade e autenticidade, e como produto atractivo para o turismo que é hoje a actividade económica mais disseminada no mundo global.
A actividade turística, que já se limitou a oferecer apenas sol e praia no verão, está a mudar. Cada vez há mais públicos específicos ávidos de novas experiências culturais, de mergulhar em territórios ricos em património e em história.
Monsaraz e o seu território próximo possuem todas estas características que o tornam um local único e autêntico.Saibamos todos proteger e divulgar correctamente a nossa cultura e a nossa paisagem, os nossos monumentos e o nosso património, e nunca teremos os problemas colocados em relação à autenticidade do Barco de Teseu.